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Quando o diagnóstico te encontra: entre a tempestade interna e o espaço para agir

  • Foto do escritor: alexandraestela
    alexandraestela
  • 16 de ago.
  • 2 min de leitura

Um diagnóstico nunca chega sozinho; ele vem com uma onda inteira de significados, medos, projeções. É natural que o mundo pareça encolher para caber numa notícia inesperada. É fisiológico: o sistema límbico acende, a amígdala dispara, o corpo se prepara para lutar ou fugir. Mesmo que não haja exatamente um perigo físico naquele exato segundo, o risco para a continuidade não passa desapercebido — e isso mobiliza tudo. De novo, é fisiológico.

Normal sair de um consultório sem lembrar metade do que foi dito. Ainda mais normal é se fixar em uma frase (quase sempre ruim) e deixar todo o resto se dissolver. Neurobiologia pura: em estados de alta emoção, a atenção e a memória ficam seletivas, priorizando o que parece mais urgente ou ameaçador. Não é exatamente um padrão negativo de pensamento; a mente foi projetada para prever ameaça – negativo é ficar nesse mood. 

Não controlamos a onda emocional que vem com um diagnóstico, mas podemos escolher como surfar nela — e inclusive deixar que ela nos afogue. Estudo a ACT há anos e nunca a vi tão aplicada como agora. É natural que surjam pensamentos catastróficos (“não vai dar certo”) ou questionamentos existenciais (“por que agora?”).

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O convite não é expulsar esses pensamentos – eles são inevitáveis - mas criar espaço para que coexistam com o resto, com a parte boa da vida. É tipo chamar um fornecedor chato para um café para falar sobre um tema qualquer do mundo do trabalho. É chato, mas faz parte e pelo menos tem café. De novo, ACT totalmente aplicada.




Mas na prática, a teoria é outra. É difícil escolher onde fincar o pé enquanto a ventania passa. Às vezes, é apenas tomar água, fazer o básico bem-feito, dormir um pouco, cultivar uma troca com alguém de confiança. Essa última em especial faz tanta diferença... Pequenas âncoras. A cada passo, o cérebro vai encontrando calma dentro da incerteza.

O diagnóstico te tira do prumo, te força a mudar o rumo, mas não precisa apagar a parte de você que ri das coisas, que sabe recomeçar. É sempre no ajuste de rota que se encontram novas formas de viver — e de reviver.


 
 
 

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